terça-feira, 22 de abril de 2014

Esta sou eu agora

Quando recebes um carro e ele avaria. 
Quando ele avaria e fica óptimo. 
Quando o teu recente computador avaria. 
Quando tudo avaria e as pessoas dizem que "é a vida e vai te acontecer mais do que imaginas".
Quando o gasóleo é pago pelo teu bolso.
Quando estás tão cansada e te apercebes que podias estar num melhor sitio.
Quando te apercebes que o teu telemóvel só toca para te dar oportunidades de emprego quando já tens um.
Quando trabalhas 8 dias seguidos e ainda pensas durante um segundo que, apesar de as outras oportunidades serem excelentes, estes 8 dias parecem-te certo.
Quando sabes que és óptima no que fazes.
Quando o tempo pára porque te apercebes que és feliz, caso contrário, não cantarias aos altos berros as 7h50 da manhã.
Quando te apercebes que a 'aquela' rapariga dá erros ortográficos: up automático no teu dia - Do you miss me?
Quando chegas ao momento em que tudo é óptimo, e só te apetece dormir ou ir para o Bairro Alto beber até cair num dia de folga.
Esta sou eu agora.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Existir

Há memórias inesquecíveis.
Há a verdade e a mentira.
Há dores que nunca passam.
A vida dá voltas e voltas.
Depois da tempestade vem a bonança.
As oportunidades vem e vão. 
Há pessoas fortes e pessoas fracas, pessoas coloridas e pessoas cinzentas.
Felicidade e tristeza.
Família e amigos.
Vida e morte.

Há dores que nunca passam, mas que se tornam suportáveis. 

sábado, 1 de março de 2014

Dos dias que não são dias

Dos dias que não sabem a nada. Dos dias em que te pões a pensar nas tuas decisões. Em que te deitas e afinal não é nada daquilo que querias, que as dúvidas aparecem e tiram-te o sono. De quando desabafas com um amigo ou familiar e descobres acidentalmente do que realmente queres. Ou através duma conversa mais séria, descobres que fazes qualquer coisa para começar a viver. Ou que não consegues seguir em frente sem que te dêem respostas. Que às vezes é preciso fechar os olhos e pedir com muita força que algo aconteça. Ou pegas nas tuas velas de aniversário ou nas 12 passas de final de ano e pedes aquilo que mais desejas. Ou que aconteça o contrário do que queres para perceberes o que não queres. E então compreendes que é um início. 
De quando aceitas e admites que algo mexeu mais contigo do que supostamente deveria. Isto é para os dias que te arrependes de estares com a pessoa errada. Com a pessoa que te promete mundos e fundos, é bonita e te vês realmente com ela por longos anos. Tão longos que não fazem sentido, que todos os dias são forçados pela incerteza se apareceu no momento certo. E se não apareceu, e se foi um teste?
Para os dias que já foram dias com certezas no olhar de alguém, no riso de alguém. Quando se tem uma certeza absoluta por um segundo sequer tem-se a certeza que num ponto da nossa vida já se teve certeza. O que pode ter errado? 

Errado é perceberes que há pessoas que pensas que conhecias, e, na verdade, não conheces. Errado é quereres apenas a verdade na tua vida. Porque já não há pessoas genuínas. Tens que contar com a mentira também, é assim que a vida segue em frente mais facilmente.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

2013

"Hello Liliana, How are you?"
"I'm fine, and you?"
Acenou-me, como se quisesse dizer que estava tudo bem "Your hair is different! It's nice."
"yeah, I made a little fringe."

Já não mudava de corte de cabelo há meio século. Acho que isso faz toda a gente reparar. Ainda não percebi se as pessoas olham tanto porque está horrível ou porque nunca viram uma pseudo-franja. A verdade é que me faz cara de rica. Só faz mesmo parecer. 
Nem sei porque me deu na cabeça de mudar de corte de cabelo quando 2013 foi o pior ano da minha vida. Talvez tenha brincado um pouco com a minha confiança. Talvez ache que o que não tenho é suficiente. Na verdade, é mais que suficiente. 2013 foi o pior ano da minha vida, mas nunca me senti tão completa. Carreguei tantos segredos meus este ano. Chorei tanto. Tanto com sofrimento alheio, como com auto sofrimento. Senti a minha vida por um fio, a vida dos meus avós por um fio e agora a da minha tia e até madrinha. Senti famílias a desmoronar ao meu lado e a sentir-me sortuda com a minha. Reconheci pessoas. Pessoas que nunca mais voltarei a confiar. Conheci pessoas que tentaram me conhecer. Conheci pessoas que achavam que me conheciam. Dificilmente conhecerão integralmente o meu pai, dificilmente conhecerão a sua filha. 
Desperdicei duas oportunidades de começar a minha vida, secretamente espero que a terceira seja de vez. Desejei muita sorte a muita gente. Ajudei muita gente. Rezei por mim e por muita gente. Tornei-me mais forte. Quando se sai de destroços sai-se definitivamente mais forte

O rapaz perguntou-me há quanto tempo andava ali. "Since October 2012". Espantou-se. "Right, don't need you to remind me that"

E foi quando acordei para a vida. Que comodismo, Liliana. Pus-me a trabalhar e outra vez a maré não está comigo, não vou acabar por pouco no final deste ano. Este ano já se está a tornar demasiado longo. 
Nunca tive tanta vontade de me refugiar no meu espaço. Nunca me senti tão acompanhada estando sozinha. Isto faz sentido? 

Faz sentido a vida ficar de pernas para o ar, quando certas coisas continuam a insistir na nossa vida como se fosse os velhos tempos? 

Não desejo mais que deixar todas as maldições que me atormentam em 2013

sábado, 28 de setembro de 2013

"Mudei de sítio. Levei a tralha toda e um carro. Fui sozinha para encontrar novas pessoas, pessoas, não robots egocêntricos. Por norma compra-se uma casa, aluga-se vá, nos tempos que correm. Encontrei uma bem pequena, bem ferrugenta. É cinzenta e cheia de pó. Com muita madeira. Arranjei maneira de fazer uma sala, uma cozinha e um quarto. Limpei tudo e pintei. Não era a minha casa de sonho, mas era um lar. Não me imaginava a casar e a ter filhos lá, mas imaginava-me a partilha-la com alguém que gosto. Um amigo próximo, talvez. E assim foi. Começámos por falar e ele a ir lá a casa para me ler a sua coluna no jornal. Era uma coluna aborrecida, acerca de acontecimentos monótonos. Ele lia e eu ficava orgulhosa da escrita dele. Há anos que não tinha um amigo assim, tão idêntico a mim. Daqueles simples, que estão lá para por o pé a frente do nosso para nos fazer cair no meio do chão. E ele ria-se com essas coisas. Eu ria-me com ele. Todos lhe perguntavam como estava a sua nova companhia, eu. Respondia com um sorriso que era só uma amiga, uma boa amiga. Porque os amigos não se perdem, pois não? Os grandes amigos.
Era uma nova pessoa, nada me prendia. Onde estava conheci as melhores pessoas mas também as piores. Tive os melhores momentos que alguém pode ter e bloqueio a minha mente para não se lembrar dos piores. Porque há muitas pessoas más. Daquelas que arrancam o nosso coração à dentada depois de o acarinhar. Mas ninguém é uma branca de neve para ser salva pelo seu príncipe e viver feliz para sempre, não é? Porque a definição de para sempre, nesta terra de sonhadores e mal amados, é um segundo, por vezes. O encantamento torna-se numa maldição. A maldição faz-nos procurar o que nos é familiar. Significativo é dar tempo ao tempo e já ninguém o faz. (...)"

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

(...) "Foi nesse instante que me apercebi que somos duas crianças à procura de tempo e espaço. Ou pelo menos eu sou. Não me lembro de estar contigo em 200 horas que tínhamos. Ficávamos um ao lado do outro cada dia que não estávamos bem. Mas não ficávamos lado a lado quando estávamos apaixonados." (...)