L, pareço doida. Aliás, acho que me estou a tornar numa. Escrevo-te porque parece que as palavras são mais permanentes do que apenas ditas. Sei que me ouviste ontem, ajudaste-me. Mas mesmo assim, acho que ficou algo por dizer ou por fazer. Não creio que tudo esteja a correr como planeaste ou como planeámos. Vou escrever com sinceridade, lê e deixa que seja memorizado.
Parece inacreditável o quão chegámos longe, mas anda me a escapar algo que não me contas, por isso todas as noites te reunes comigo e pões-me a cabeça a fervilhar, não me deixando dormir. Creio que saibas o que andas a fazer, mas quero mais respostas, isto é verdade ou mentira? Estou a correr contra a maré, ou é exactamente este o meu destino?
Sempre soubeste que fui feita para a humanidade, para o amor, mas sabes também que não me quero perder... Amo porque precisam da minha ajuda, entrego-me porque precisam de mim, mas não tem qualquer direito em tirar-me, em diminuir-me, em deixar-me cair aos pedaços. Podes, pelo menos, explicar como me posso proteger? Sabes que todos pensam o mesmo, que me perco no sofrimento, mas também sabes que me levanto ainda mais forte. Agora, não estou a ver solução para o meu problema, porque não me deixas saltar do barco, mas também não melhoras a situação.
L, o que pretendes? Que isto seja uma guerra? Uma guerra entre mim e o meu consciente? Queres que destroa tudo o que eu sou? Não sei o que farias no meu lugar, mas eu certamente saberia o que faria no teu.
Não me quero perder, mas se for para continuar, tira-me pelo menos o que mais me caracteriza, porque me estão a matar: as emoções. Não precisas de tirar todas mas aquelas que me fazem sentir confusa, culpada, errada. Tira um pouco de intensidade, de paixão, de sofrimento.
Compreendes-me, certo?
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